[V.A.] Arte Simbólica - Nikolai Kalmakov, Um Exercício em Interpretação Pictórica
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Satan - 1923 |
Satã está defronte pra Você, observador que está em presença, física ou latente, perante sua corte de criaturas ora informes ora desformes; estejam as criaturas o saudando ou te norteando perante o campo de visão em que você se encontra preso, uma obrigação? Ou uma vontade? Você mesmo não é intencionalmente forçado a ficar aqui com eles, eu, nós, nós estamos diante da presença de uma de suas muitas formas. Conhecidas ou não, seus companheiros excessivos, seus aracnídeos de rosto vagamente humano, assim como seus seguidores elusivamente antropomórficos, percebe-se que eles não tomam forma direta, sua persona somente pode se presentar turvamente a você, eles não são o alvo, será você ou Satã a quem eles servem? Diga o próprio Satã por si:
"Pois você é meu convidado, você aceitou este convite e logo se prontificou de estar entre nós. Você por autonomia e solenemente eu por anfitrião."
"Não tenho forças sobre você, somente você resolveu se dedicar a mim, meus olhos estão sobre minha nuca, estão debaixo da minha coroa e acima de meus pés, está luz que vês, essa fonte inaudita de luz que vocês tanto prezam, ela diz: Clareza! Puridade! Entendimento! Pois digo, eu sou a luz, somente eu entre todos estou distinto entre a indistinção destes aqui, todas essas semelhanças fugidias nada são além do que eu sou em sua imagem e semelhança; posso ser Deus e posso não sê-lo. Sou homem e também não sou. Genitais me faltam pois não estou ligado a matéria, estou do lado de fora da geração assim como da corrupção. Sou então melhor que vocês? O que eu sou?"
Será ele portanto a Unidade de todos? A multitude é confusão como se nota, ela é escorregadia como uma serpente, exagerada como uma gula que se amontoa dentro do estômago e tentacular como uma criatura de origem estranha. Se ele pergunta o que és, o que sou? Aqui perante todos? A forma ou a deformação?
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