[S. Artigo] Ensaio de Matese e Metafísica II: o Conceito de Participação.

 



No ensaio anterior, notamos que entre o efeito e a causa há uma similitude na constituição real dos dois termos, todavia isto se dá de que maneira? Clarificamos, então, a solução para essa aporia pela tese de participação/imitação pitagórico-platônica, a seguir.

Se a causa inere o efeito, o efeito participa, ou seja, toma parte da realidade da causa, pois se não fosse o caso, não haveria inerência ontológica alguma. Assim sendo, o efeito imita, de modo similar (e não idêntico, pois a identidade absoluta entre o efeito e a causa já foi provada impossível) o termo que principia a causalidade. Deste modo, o conceito de participação está intrinsicamente ligado à causalidade enquanto tal pela clara analogia entre o efeito e a causa.

Mas, afinal, quais os modos de participação? Podemos resumir em quatro: ontológica, lógica, ôntica e matética. A primeira se refere a uma participação no ser fundamental da realidade analisada; a segunda aos conteúdos lógicos abstraídos do ente que participam deste; a terceira aos predicados posteriores que participam na realidade singular do algo; a quarta aos princípios supremos que regem a possibilidade de essencialização e existencialização do real, ou seja, aos princípios transcendentais da realidade do qual tal realidade participa.

Daremos exemplos: na ontológica, dizemos que o modo de ser do homem é animal racional; na lógica, dizemos que a ideia de homem enquanto animal racional é verdadeira ou não; na ôntica, dizemos que o homem é um ser social, que é posterior ao seu conteúdo formal; na matética, dizemos que o homem só é possível pela estrutura principial do espírito e da natureza; etc. Todos esses exemplos só são possíveis pois a ideia de “homem” participa dos princípios (matéticos e ontológicos) ou funda os tais princípios (lógicos e ônticos) na sua fenomenalização.

Por fim, deve-se salientar que a participação sempre se funda numa analogia, pois nunca se esgota a totalidade do real que principia o ser que participa dele, ou seja, nunca há identidade absoluta entre os termos principiados e principiais, como já provado no ensaio anterior. Poderia-se dizer que a participação dos esquemas lógicos esgotam a realidade da coisa (havendo univocidade dos termos lógicos com os termos reais), mas não pode ser o caso, já que a lógica pretende validar os conteúdos fáticos que se desvelam na realidade, dependendo de sua fundação anterior. Em tal fundação, a Matese se sobressai, mesmo que intimamente relacionada com a lógica.

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