[V.A. Artigo] Da Alma a Cidade: Uma Reflexão Estóica

(Vesta — Deusa correspondente a Héstia na qual predomina o Lar, a Cidade e o Fogo Eterno e Sagrado.)

“Se a Inteligência nos é comum, também é comum a razão, em virtude da qual somos racionais; posto isso, a razão determinadora do que devemos ou não devemos fazer é comum; posto isso, a lei também é comum; posto isso, somos cidadãos; posto isso, o mundo é como uma cidade.”

• Meditações de Marco Aurélio, Livro IV

Marco Aurélio, grande Imperador que foi considerado o título de excelência de Imperador-Filósofo, compôs pra si Meditações próprias para se relembrar dos princípios que nortearam sua consciência em momentos de fervor das paixões ou para organizar-se novamente a eles em momentos de necessidade.

Tal qual se via em conduta para seu cargo na Sociedade Romana e assim para comprimento de seus deveres, impregnou junto as reflexões, passagens que nos dão insights para o tempo de agora, uma que ressaltei no início me capturou a atenção, Marco podia estar tanto se referindo pra uma cidade exterior, mas pode estar na verdade se referindo a uma cidade interior.

O mundo é nossa própria Alma, comprometa-se a enxergar a si próprio como a constituição de uma cidade, você é o Imperador/Legislador que reina sobre seus cidadãos internos e necessita guiar seus espíritos para a união e assim como toda ordem precisa dirigir seu povo para o benefício mútuo de todos. Livre para instituir suas próprias Leis/Princípios, temos como dever aprender a guiar-nos enquanto responsável pela nossa cidade interior. Precisamos de soldados nessa cidade, nos transformaremos então no Soldado que nossos cidadãos devem tornar modelo, educaremos eles no que acreditarmos ser o melhor pra engrandecê-los e etc…

Essa reflexão deve agir como meio para sempre mantermos a ordem em nós mesmos, talvez com essa alegoria seja do feitio da razão ordenada impulsionar o agir para com que presida toda Alma que necessitar desse guia. Marco pode ter pensado nessa reflexão quando escreveu em alguns papéis essa meditação memorável. Héstia-Vesta pôs-se em ordem e resoluta ao conferir eternidade a sua própria flor de pureza, enxergou nas paixões, suas desmedidas e recobrou a compostura a manter para si a medida certa, pois ela é o lar para onde retornamos, ela que retorna a si para organizar os ânimos da Alma, ela é o Fogo que há em nós, precisamos botar a Casa (Cidade Interna) em Ordem para que ela nos abençoe com sua firmeza.