[V.A. Artigo] Sobre as Fundações dos Múltiplos Eros

Afrodite (e) Eros — 400-350 A.C. →

Quando se pensa na mitologia como um agregado solitário e sem ramificações nas ciências, é fato que ela se perde em inutilidades e não vai além de uma beleza solitária do entretenimento.

Mas quando se é dado um olhar mais forte, penetrante com a colocação de mais lentes, tornará a ver através do conteúdo dela, e para além dela.
Essa colocação serve pra interpretar, porque os vários disparates do nascimento de Eros, multívocam de tantas fontes, a sagrada Teogonia, o Banquete do Divino Platão e quantas forem achadas.
Na lente dos Exegetas neoplatônicos, é possível conceber porque nascem tantos Eros e porque não deve haver um, mas incontáveis graus de Eros.

Plotino na sua Enéada III, 5, põe-se na busca de entender essa questão, reflete que ao buscarmos o amor, rememoramos nossa origem na fonte do Belo, quais sejam retomar nossa posição na União com a Hipóstase da Inteligência e proximidade com a maior União com o Uno pois o Eros é belo, tal como nossa origem próxima dos Deuses e o belo é estar em comunhão com a nossa natureza divina. Aquele que a contempla por sua própria beleza pode ocasionar sua reminiscência de lá nas altas hipóstases e aquele que moderado no belo material, está propenso a aqui ficar. Posto que senão fosse por Eros, não teríamos como relembrar nossas impressões do belo replicado aqui no mundo material.
“Pois o feio é contrário tanto à natureza quanto ao deus. Pois também a natureza cria olhando para o belo e olha para o que está definido, que está em alinhamento do bem; e o feio indefinido é de outros alinhamentos. Pela natureza a gênese de lá é a partir do bem e, é claro, também do belo.”

Eros portanto preside uma réplica do bem na geração como uma imitação de gerar no belo, como seremos movidos para gerar, sempre iremos querer gerar algo de beleza, porém o mesmo que se mantêm no belo por si só, esse é auto suficiente. Portanto não há erro em querer não replicá-lo desde que mantenha-se nele.

“…Afrodite parece exigir dizer algo: quer tenha surgido dela, quer com ela, é dito o Eros. Primeiro, quem é Afrodite? Depois como ou dela ou com ela ou há algum meio de ele [vir a ser] dela e ao mesmo tempo com ela? Dizemos na verdade que Afrodite é dupla, uma dizem ser urânia, filha de Urano, e outra de Zeus e Dione, a que se ocupa, como éforo, dos matrimônios daqui; sem mãe é aquela e está além de matrimônios, porque no céu não há matrimônios. Essa urânia é dita de Cronos, aquele que é inteligência, necessidade é alma de natureza divina ser direta dele, intacta de intacto, que permanece acima, de modo a não chegar aos seres daqui, nem desejando nem podendo [porque era de tal natureza], para não descer insuflando os seres inferiores, sendo uma certa hipóstase separável e sendo não participante de matéria — daí diziam-na por enigma com esse ‘ser sem mãe’ — que na verdade alguém diria ser um deus, não um Daemon, sendo não misturável e permanecendo pura consigo mesma.”

Com isso nota-se no discurso o porque haver multiplicidade de Eros, pois o amor é união e retenção do bem, o bem é união e todo ser tende a seu próprio bem, se contrário fosse, contrário seria a sua própria natureza.

(Eros Primordial — Segundo Século D.C.) →

O Eros Primordial retém-se ao lado dos mais próximos do Uno [Henadas primordiais], Eros filho de Afrodite e Ares da ascensão intermediária, Eros Daemon de Pênia e Abundância próximo da alma intelectiva, todos servem ao proposito de trazer para próximo de si e do Supremo Pai e manter as almas divinas nas suas hipóstases retrocedendo a camada mais alta de Transcendência, pois a união é Eros e união é o bem primordial para o qual todas as coisas tendem.

Observação: Edward Butler também examina o status de Eros e Afrodite em seu paper.

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