[V.A. Artigo] A Outra Visão dos Deuses: Uma Perspectiva Literária (rascunho)
Desde tempos imemoriais o inconsciente humano foi povoado senão apenas por características Numinosas, foi também povoado por um temor digno de resplandecer o próprio conjunto do que significa ser a Divindade. O medo seja o do desconhecer, seja a doença da mente e o que for, sempre estará atrelado ao ser que as propaga de gerações em gerações; a história complementa com o seu ciclo de tempos em tempos em transformar algo que era de um jeito X para um estado de modo Y, seja a interpretação dita, histórica dos mitos, seja deturpações de acontecimentos cotidianos. Para tudo o mais, a imaginação do Ser Humano possui o Fantástico por natureza, pois sendo capaz de extrapolar as esferas mundanas e abraçar as esferas dos sonhos e do até o momento, inimaginado.
Quando espero compreender o que temos de registro histórico-social, como temos nas lendas, contos de fadas (como sinal próprio do nome), mitos e qualquer conjunto que exerce um fascínio — esse fascínio pelo que pode ser o paradoxo do desconhecido¹ — sobre a mente do ouvinte, leitor e o próprio propagador de uma história. Vejo que estamos diante de um fenômeno permanente na vida, o de levar nossa experiência com a imaginação sempre capaz de supor tudo o que pode.

Sendo assim, vejo nos moldes recentes de histórias de Horror e Terror, essa dupla que carrega todo esse passado histórico como um campo fértil onde estabelece raízes tão profundas quanto a consciência tem desde sua primeira auto-identificação. Vejo que estamos em um processo digno de um momento singular e histórico, seja o período cósmico a nós inserido², seja a miríade histórica dos fenômenos sociais que culminam até onde estamos.
As Histórias de assombro (pra agrupar os dois tipos de categorias) vêm realizando um processo negativo ao do fenômeno da religião, negativo eu digo, é desconstruir a peculiaridade que temos de Sagrado, deixando apenas o temor, ou como Edmund Burke considera, estamos afeitos ao sentimento de medo por ser capaz de suscitar o Sublime com mais intensidade do que um momento benevolente³.
Como vemos na humanidade, temos desde crenças ilusórias até fenômenos que considero concreto em oferecer uma reminiscência de esferas exteriores como é a função da religião. O processo que agora ofereço é de cobrir-nos com véus de Maia mais grossos que conseguirmos achar, de iludir-nos ainda mais nossa consciência em vista de uma perspectiva: O Sagrado não existe.
É claro, isso é uma perspectiva, um mindset de se seguir igual a Lovecraft nos seus devaneios literários que implicitamente implorava por uma mudança radical no seu mundo externo (i.e. social-global), tanto ele quanto outros podem estar enveredados no mesmo caminho por visões que contêm seus diferenciais, como tal, outros escritores enxergam as vezes de modo mais semelhante e outras de modo próprio. Como por exemplo nas histórias de assombro em que o medo é imanente a Natureza (Blackwood), ou em que o terror se revela nas lendas mitológicas recentes no passado da humanidade em vista de nosso Deus ultra-transcendente (Machen) pouco ter semelhança a Natureza a não ser por ser nossa imagem (o quão tolo teria de ser para se julgar semelhante a Deus! Há!); vontade de ser transcendente e sem imagens, apenas crendo que somos o pináculo do Universo em nossa imagem e semelhança, isso é um escape dos arredores que ignoramos, Deus pode até existir mas não podemos esperar que seja a nossa perspectiva, ela deve estar mais errada por ser ela própria uma expectativa.
Assim sendo, ontologicamente irreconhecível em nossa maior totalidade, quem seria tão prepotente de se julgar no direito de conhecer o além? Sendo assim os “Deuses” estão por aí com suas próprias determinações e vontades, só espere que não estejamos no seu caminho para termos nossa breve salvação. Isso não se estende apenas a seres de grande poder, pode ser até a menor das possibilidades, seja a doença da mente, uma brincadeira de alguma coisa por aí. Seja algo que supomos ser com essa baboseira científica passageira. Todo esse passado fantástico da humanidade tendo influência quase invisível a nós, seja nossa mente tendo deslizes de realidade nua e crua para poder nomear seus temores.
Pã pode estar a solta perseguindo jovens, árvores medonhas podem estar amando homens e assombrando outros, cores inomináveis podem estar viajando pelo espaço e humanos que rasgam seus véus podem estar cultuando seres tão antigos quanto o nosso tempo. Sátiros podem estar rondando nossos relances cegos a suas propriedades desconhecidas e todas essas fontes de origem inexplorável.
Iä! Iä! Cthulhu Fhtagn!
Iä! Shub-Niggurath! Iä! Shub-Niggurath!
¹Como algo que espanta e atrai ao mesmo tempo, isso é um mistério que é uma fascinação a nível paradoxal.
²Estou em acordo com Hesíodo ou um Hindu, seja a Era de Ferro ou Kali Yuga.
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